sábado, 2 de junho de 2012

Assim Estava Escrito (1952)


Quando eu vi o poster desde filme e o associei à seu título, logo pensei que se tratava de um clássico romance da década de 1950 que me encantaria para todo o sempre. Ao assisti-lo, logo vi que não se tratava de nada disso, como segue a crítica do livro 1001 filmes para ver antes de morrer:

Ainda o melhor filme hollywoodiano sobre Hollywood, "Assim Estava Escrito" é livremente baseado na carreira de David O. Selznick, fugindo ao tema para incluir algumas piadas internas sobre Val Lewton, Orson Welles, Raymond Chandler, Diana Barrymore, Alfred Hitchcock e Irving Thalberg. Atenção também à esposa discreta, porém influente, do diretor inglês (interpretado por Leo G. Carroll, um dos atores recorrentes de Hitchcock).

Três pessoas com bons motivos para odiar o produtor Jonathan Shields (Kirk Douglas) estão reunidas aguardando uma ligação de Paris, na qual o decadente Shields tentará vender um novo projeto. Através de flashbacks, eles discorrem sobre sua carreira - de diretor de filmes B para o estrelato -, lembrando por que o detestam tanto. O diretor Fred Amiel (Barry Sullivan) é um antigo sócio que foi incentivado por Shields a fazer um filme de monstros barato chamado A Maldição do Homem-Gato (A Marca da Pantera vem à mente), mas então é afastado do projeto dos seus sonhos, uma produção mexicana risivelmente "importante" chamada A Montanha Distante. Georgia Lorrison (Lana Turner), a filha vulgar e bêbada de um astro encrenqueiro estilo John Barrymore, é retirada da sarjeta, transformada em uma deusa do cinema e depois trocada por uma qualquer (a maravilhosamente irônica Elaine Stewart) na noite da estreia. Dentre os três, o menos disposto a perdoá-lo é o roteirista profissional James Lee Bartlow (Dick Powell), cuja mulher frívola e assanhada (Gloria Grahame, vencedora do Oscar) Shields repassa para o "amante latino" Victor "Gaucho" Ribera (Gilbert Roland), que a mata em um acidente de avião.

Douglas está imbatível como um megalomaníaco ambicioso. O retrato que faz de Shields, abusando dos dentes trincados e das suas covinhas, está entre os melhores de sua carreira. O roteiro cheio de fofocas (a cargo de outro vencedor do Oscar, Charles Scheene) é conduzido de forma impecável pela melodramaturgia exuberante do diretor Vincent Minnelli e pela trilha sonora sedutora de David Raksin. Passados 50 anos, o filme ganhou um efeito tragicômico, uma vez que a reputação de Selznick foi por água abaixo. A convicção de Shields de que está fazendo uma grande arte (compartilhada com seu contador!) pela qual vale a pena sacrificar a vida de outras pessoas torna-se ainda mais perturbadora quando Minnelli nos permite vislumbrar exatamente o tipo de espetáculo exagerado e arrogante que acabou sendo menos bem-sucedido do que produções mais modestas. Sabemos que, na filmografia de Shields, preferiríamos ver A Maldição do Homem-Gato no lugar de A Montanha Distante.

Indicado ao Oscar de Melhor Ator (Kirk Douglas). Vencedor de 5 Oscar: Atriz Coadjuvante (Gloria Grahame), Direção de Arte, Fotografia, Figurino e Roteiro.

(The Bad and the Beautiful - 1952)

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