terça-feira, 21 de agosto de 2012

Jogos Vorazes (2012)


Em “Jogos Vorazes”, o futuro visto na tela tem mais a ver com o presente do que com qualquer outra época.

Numa história futurista repleta de cinismo, os reality shows chegaram a outro nível: mais do que lutar por um prêmio em dinheiro, luta-se pela vida. Ao invés de mandar os concorrentes ao paredão, os colegas de confinamento mandam flechas na testa uns dos outros, armam bombas ou simplesmente esfaqueiam-se mutuamente. Bem-vindo ao mundo onde uma vida humana vale alguns pontos de audiência de pessoas vidradas em aparelhos de televisão gigantescos, espalhados por todos os lados, mostrando cada momento dos Jogos Vorazes - que são disputados por adolescentes entre 12 e 18 anos, sorteados numa loteria um tanto macabra.

Pode-se depreender que, num futuro pós-apocalíptico, os EUA foram divididos em distritos e cada um deles deve ceder um casal de jovens para os Jogos – cada dupla será conhecida como Tributo. Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) mora com a mãe e a irmã pequena, numa cidade de mineiros, no Distrito 12, onde as condições de vida não parecem muito diferentes daquelas da época da Grande Depressão, há quase um século.
Quando sua irmã é sorteada para os Jogos Vorazes, Kat aceita tomar o lugar da garota. Não custa muito para ela e seu parceiro de Distrito 12, Peeta Mellark (Josh Hutcherson), se tornarem a sensação dessa edição do programa . Ambos passam por um processo de embelezamento, que os torna mais midiáticos – alguém com quem o público se identifique e possa torcer por um deles, até porque ambos também competirão entre si.
Seria quase uma transformação à la My fair lady, se o resultado final fosse uma moça graciosa apenas. Mas Kat precisa ser tudo, menos delicada, para sobreviver na selva onde é jogada com outros 23 concorrentes lutando por suas vidas – e milhões de espectadores torcendo por sangue.

O visual do futuro em “Jogos Vorazes” tem um quê de retrô nas roupas, maquiagens e perucas de cores espalhafatosas que, às vezes, estariam muito confortáveis naquele futuro também distópico de “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick. Há um contraponto interessante entre esse visual que beira o lúdico de uma suposta elite e os tons escuros – muito cinza e marrom – das populações dos distritos que mandam seus filhos para a batalha dos Jogos Vorazes.

(The Hunger Games - 2012)

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