terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Caminho da Liberdade (2010)


“Caminho da Liberdade”, de Peter Weir (Mestre dos mares), é um filme que busca na grandiosidade a sua razão de ser. O longa acompanha uma jornada de proporções épicas, de sobrevivência apesar das adversidades. É uma história real que precisa de algumas concessões que só a ficção pode lhe dar para que exista.

O livro de memórias do oficial do exército polonês Slamovir Rawicz foca na jornada que ele e outros companheiros fizeram de uma prisão siberiana até a Índia, em 1940, caminhando 4 mil milhas e sobrevivendo a adversidades com temperaturas abaixo de zero, calor do deserto e falta de água. Em 2006, a BBC questionou a veracidade deste feito, uma vez que o próprio Rawicz não apontou evidências que comprovassem a sua história.

No filme, o personagem relativo ao autor é Janusz (Jim Sturgess, de “Across the Universe”), que começa o filme num gulag soviético que remete aos melhores momentos de “Recordação da casa dos mortos”, de Dostoiévski – embora sejamos poupados da visão de baratas na sopa. O frio e a desconfiança interna e externa é o maior inimigo dos presos, mas, apesar disso, ele se alia a um grupo heterogêneo de pessoas e consegue fugir.

Ao acompanhar essa jornada, “Caminho da Liberdade” foca mais na jornada em si do que nos membros individualmente. Sabemos apenas o necessário sobre Vlaka (Colin Farrell), Sr Smith (Ed Harris) e Irena (Saoirse Ronan) – que estão ao lado de Janusz e andam sem parar.

Este não é, propriamente, um filme em que muita coisa acontece. Afinal, boa parte de suas mais de 2 horas consiste em mostrar pessoas andando para fugir do frio ou para procurar água. Faz falta ao roteiro de Weir e Keith R. Clarke detalhes sobre a sobrevivência do grupo. É aí que entra a boa vontade na forma de licença poética da ficção para fazer vista grossa às lacunas do filme.

Indicado ao Oscar de Maquiagem.

(The Way Back - 2010)

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