quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Os Sete Samurais (1954)


Akira Kurosawa é o diretor japonês mais conhecido em todo o mundo. “Os Sete Samurais”, um épico empolgante e humano, é sua obra-prima de popularidade mais duradoura e também seu filme mais assistido. A refilmagem hollywoodiana eletrizante, embora menos profunda, “Sete Homens e um Destino” (1960) é o mais bem sucedido dos muitos filmes de faroeste baseados na obra de Kurosawa – incluindo “Quatro Confissões”, de 1964, uma releitura de “Rashomon” (1950), e o western spaghetti fundamental “Por Um Punhado de Dólares” (1964), completamente decalcado por Sérgio Leone de “Yojimbo – O Guarda-Costas” (1961). A divertida permuta cultural é uma deliciosa prova da linguagem e do apelo universais do cinema. Kurosawa inspirou-se nos faroestes de John Ford e realizou algo que rompe corajosamente com as tradições limitadas do típico jidai-geki japonês, filme histórico com ênfase em lutas de espadas em um Japão medieval retratado como uma terra de fantasia. “Os Sete Samurais” é carregado de cenas de ação surpreendentes, incidentes cômicos, desventuras, drama social, ótimo desenvolvimento de personagens e conflito entre dever e desejo, tudo tratado com uma atenção imaculada ao realismo.

Um pobre vilarejo de fazendeiros, à mercê de bandidos que retornam todos os anos para estuprar, matar e roubar, toma a decisão radical de revidar contratando ronin (samurais itinerantes, sem mestre) para salva-los. Uma vez que podem oferecer apenas pequenas porções de arroz como pagamento, os aflitos emissários que saem em busca de espadas de aluguel têm a sorte de encontrar Kambei (Takashi Shimura), um homem honrado e compassivo resignado a fazer o que um homem tem que fazer, apesar de saber que não ganhará nada ao faze-lo. Em muitos aspectos o arquétipo do heroi, ele recruta cinco outros andarilhos dispostos a lutar por comida e diversão, entre eles um velho e bem intencionado amigo, um jovem aprendiz inocente e um mestre espadachim de poucas palavras. O jovem Kikuchiyo (Toshiro Mifune), esquentado, impulsivo e palhaço, é rejeitado pelos homens experientes, mas o camponês fantasiado de samurai os acompanha assim mesmo, louco para provar seu valor e impressionar Kambei. Os aldeões tratam o grupo com desconfiança, mas, aos poucos, laços se formam, um caso de amor floresce, as crianças se aproximam de seus heróis e Kambei organiza uma resistência impetuosa que surpreende, enfurece e acaba derrotando os invasores.

O filme é leve, ágil e econômico, eliminando explicações desnecessárias. Ele evoca mistério e sustenta um clima de apreensão – com planos breves e cortes rápidos constituindo a busca dos camponeses por protetores em potencial e expondo seu caso a Kambei. Há muitas cenas de um poder visual e emocional avassalador – uma mulher à beira da morte se arrastando de um moinho em chamas e entregando seu bebê para Kikuchiyo, que se senta no riacho em choque, soluçando e gritando: “Este bebê sou eu”. Aconteceu a mesma coisa comigo”, a roda do moinho, incendiada, girando às suas costas. No entanto, o melhor momento do filme é o desfecho: os três sobreviventes examinam as covas dos seus camaradas à medida que os camponeses abaixo, distraídos, voltam toda sua atenção para o alegre ritual da plantação do arroz.

Indicado aos Oscar de Direção de Arte e Figurino.

(Shichinin no Samurai - 1954)

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