terça-feira, 20 de maio de 2014

Canções de Amor (2007)


Considerado uma das maiores revelações do novo cinema francês, o diretor e roteirista Christophe Honoré é celebrado por saber como reunir em suas obras os mais diferentes estilos cinematográficos de seu país. Por referência e reverência, interpõe em suas histórias o que há de melhor em Jean-Luc Godard, Francois Truffault e Jacques Rivette para criar obras sensíveis, sem uma desagradável sensação de déjà-vu.

Em "Canções de Amor", Honoré consegue criar personagens fortes, que equilibram honestamente romantismo e tragédia. O filme apresenta o cotidiano do jornalista Ismael (Louis Garrel). Ele namora a bela Julie (Ludivine Sagnier), com quem vive um romance a três com Alice (Clothilde Hesme). Esse triângulo é interrompido por uma tragédia e faz com que o filme se passe em três grandes atos: a partida, a ausência e o regresso. Uma referência ao processo com que o protagonista irá passar após a morte repentina de Julie.

Com uma boa dúzia de canções, interpretadas pelos próprios atores, os personagens explicitam suas angústias e seus amores nas ruas de Paris, uma personagem a mais nas obras de Honoré. É preciso dizer, no entanto, que não se trata de um musical. Segundo o próprio diretor, trata-se de um "filme popular com canções", com clara influência de Jacques Demy.

As músicas são um ponto forte da obra, pois transmitem sentimentos espontâneos, contam situações e, muitas vezes, servem como enredo. Escritas pelo amigo de Honoré, Alex Beaupain, que perdeu sua namorada na vida real antes de criá-las, elas trazem mais do que o sentimento que expressam. Espelham a personalidade dos personagens que a interpretam, ligando-os ao espectador.



Com o decorrer da história, Ismael conhece o jovem bretão Erwann (Grégoire Leprince-Ringuet), que se apaixona por ele. O filme, assim, ganha claro tom homossexual com a relação entre os dois. Um divisor de águas, que trará ainda mais conflitos e sensibilidade aos personagens.

(Les Chansons d'Amour - 2007)

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