segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Beijando Jessica Stein (2001)



Quem diria que Nova York, com seus arranha-céus e becos cinzentos e sem grandes encantos naturais, seria transformada pelo cinema em cenário de paixões? Woody Allen, Nora Ephron e Ed Burns estão aí para não deixar dúvidas, com suas comédias salpicadas com alguma dose de romance ou tendo a própria cidade como amante repleta de segredos.

Por isso esqueça Paris, como diria Billy Cristal num momento pouco inspirado, e mergulhe na Manhattan de duas garotas apaixonadas que resolvem experimentar uma aventura homossexual, depois de constantes fracassos com homens.

Não espere discurso militante, pois a intenção das atrizes Jennifer Westfeldt e Heather Juergensen, autoras também do roteiro, inspirado em peça teatral de ambas, é apenas diversão. Tendo Nova York como cenário, é difícil não imaginar alguma semelhança com filmes de Woody Allen, mesmo que o mais nova-iorquino dos cineastas nunca tenha se aventurado em brincar com as confusões na vida de um casal de lésbicas. As cenas carinhosas envolvendo a cidade, o humor e os personagens judaicos e mesmo a trilha musical tem um quê woodyalleniano.

Jessica Stein (Jennifer Westfeldt) é uma redatora judia de uma publicação nova-iorquina, colecionadora de romances fracassados. Perfeccionista ao extremo, está sempre preparada para o pior e não deixa passar despercebido qualquer defeito nos homens dos quais se aproxima. Cobrada pela colega de trabalho, Joan (Jakie Hoffman), e pela mãe superprotetora (Tovah Feldshuh), acaba aceitando encontros arranjados que sempre acabam em desastre.

Um dia, lendo um anúncio classificado na seção de encontros, fica encantada com uma proposta contendo uma citação de Rilke, poeta que adora. Mas, para sua frustração, a autora é uma mulher à procura de outra mulher.

Curiosa, ela acaba procurando a autora, Helen (Heather Juergensen), marchand de uma galeria de arte, também heterossexual, à procura de um amor sincero no outro time. A aproximação entre as duas garotas, e principalmente as descobertas de Jessica, são marcadas por um clima deliciosamente cômico, reforçado pelas confusões criadas pela moça, disposta a seguir uma espécie de roteiro passo-a-passo para sua iniciação com Helen. Os segredos de Helen passados a Jessica sobre como realçar a cor dos lábios são hilariantes e uma chave que pode explicar o fim da história.

Aos poucos a relação das duas engrena, mas Jessica não sabe como contar para os amigos e, principalmente, para a família judia tradicional sobre sua nova opção sexual. Neste desfecho, estão talvez os maiores achados desta história que consegue unir o politicamente correto ao romantismo sem derrapar num discurso militante demais.

(Kissing Jessica Stein - 2001)

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