terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mamãezinha Querida (1981)



“Mamãezinha Querida” é o título de um dos projetos mais polêmicos a serem realizados nos anos 1980. Este filme, dirigido por Frank Perry e protagonizado por Faye Dunaway, é uma adaptação do livro autobiográfico de Christina Crawford, filha de Joan Crawford – considerada uma das maiores estrelas que Hollywood já produziu. Mas a Crawford de “Mamãezinha Querida”, tanto a do livro de Christina e a do filme de Frank Perry, não é aquela que batalhou desde a adolescência até firmar um contrato de anos com a Metro Goldwyn Mayer. A Joan Crawford daqui é uma mulher amarga e desprezível.

Nos créditos inicias vemos Faye Dunaway, que através de um belo trabalho de maquiagem consegue adquirir uma aparência extremamente similar a de Crowford, protagonizando uma longa sequência onde cuida de sua própria aparência e a da sua mansão de forma rígida. Já é um sinal de que será em questão de pouco tempo para vermos um “mostro” surgir. Enquanto não apresenta nenhuma atitude assustadoramente agressiva, Joan Crawford é uma mulher que é grata pelas maravilhas que a cercam, desde a fama e fortuna que lhe são recompensas do seu trabalho como atriz até os amores, sejam dos homens (o ponto de partida do filme já revela que Joan enfrentou dois divórcios, com Douglas Fairbanks Jr. e Franchot Tone) ou dos fãs.

O que lhe falta é uma única coisa e que não pode ter: um filho. Embora o processo de adoção seja a princípio um obstáculo para ela, já que enfrentou divórcios e não poderá conciliar as tarefas maternais com as de seu trabalho, não demora para Crawford conseguir uma criança, ao qual batiza de Christina. Na infância a criança, interpretada por Mara Hobel, já é vítima de maus-tratos. A rigidez de Crawford é aplicada por castigos e até agressões. Alguns, como a punição por causa dos cabides usados por Christina para pendurar no closet os caros vestidos que ganhou, são duros de acompanhar. Nem na fase adulta, quando Christina ganha os contornos da atriz Diana Scarwid, o perverso comportamento de Joan é amenizado, mesmo depois de sua filha adotiva passar por colégios internos e religiosos. Christopher, o segundo filho adotivo da atriz, também passa por poucas e boas.

Embora já se tenham passados 27 anos desde o tempo de produção de “Mamãezinha Querida”, a sua má reputação permanece até hoje. Embora não tenha sido um fracasso como confirmam em termos de bilheteria, já que seu custo de produção foi recuperado no seu primeiro final de semana em exibição nas telas de cinema americano, a crítica não foi nada piedosa com o retrato negativo de Joan Crawford em “Mamãezinha Querida”. Inclusive, este foi o filme que iniciou o declínio que assombra até hoje na carreira de Faye Dunaway, antes prestigiada por filmes como “Bonnie & Clyde – Uma Rajada de Balas”, “Chinatown” e “Rede de Intrigas”. A atriz foi dada como culpada pelo resultado final do filme, como a afirmação de se submeter a este tipo de visão de Joan Crawford através dos relatos de sua filha Christine. Foi concebido até pelo Razzie Awards o prêmio de pior filme feito na década de 1980.

Mas pode-se confirmar que a mesma fúria com a qual Joan Crawford é apresentada em “Mamãezinha Querida” também foi repetida pela imprensa. O filme de Frank Perry é ótimo e mesmo que sejam ignoradas outras coisas, como o fato de Crawford ter adotado mais crianças, muitas coisas estão registradas, desde a sua reação ao ouvir o seu nome anunciado como a vencedora do Oscar por “Almas em Suplício” até a sua união com Alfred Steele, que tinha forte cargo dentro da Pepsi Cola. Mesmo assim, não se pode comprovar nada da balança sobre a personalidade de Crawford, se pesava mais pelo lado de uma mulher perversa ou bondosa. Vale lembrar que até a grande Bette Davis, que contracenou com Crawford em “O Que Terá Acontecido a Baby Jane?”, defendeu a atriz dos relatos de Christina em seu livro, mesmo que Bette já tenha assumido que não gostava de Joan. No fim das contas, independente de qual conceito adotar sobre Crawford, “Mamãezinha Querida” trás algo que todos sabem e concordam: a imagem que a atriz sempre carregou de grande mito da história do cinema.

(Mommie Dearest - 1981)

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