sábado, 7 de julho de 2012

Operação França (1971)


"Operação França" foi um dos filmes que venceu o Oscar na categoria "Melhor".

Em 1972 foi considerado pela Academia como melhor filme do que "Laranja Mecânica" (indicado nesta mesma categoria). Venceu 5 Oscar e "Laranja Mecânica" não levou nenhum. Mas o tempo nos diz qual filme é realmente melhor. Assisti "Operação França" porque ele ganhou o Oscar, caso contrário passaria longe dele. Particularmente, este filme não tem novidade alguma e está totalmente envelhecido. "Laranja Mecânica", ao contrário, é 'novo', cheio de 'novidade' e eu assistiria 'novamente' com o maior prazer.

Não consegui enxergar metade do que foi pontuado na crítica do 1001 Filmes, mas segue ela aí só para constar:

Ao lado de "Bullit" (1968) e "Perseguidor Implacável" (1971), "Operação França" liderou a renovação dos filmes policiais na década de 70. Livremente inspirado em acontecimentos reais, o filme gira em torno dos esforços fanáticos de "Popeye" Doyle (Gene Hackman), detetive de polícia da cidade de Nova York, para interceptar um enorme carregamento de heroína planejado por Charnier (Fernando Rey), um empresário de Marselha. Embora sua visão da guerra contra as drogas como uma luta de classes travada por policiais de rua contra os figurões da alta sociedade hoje nos pareça antiquada, o filme continua sendo tremendamente excitante e vigoroso, principalmente por causa de seu estilo rápido de edição, sua visão épica da decadência urbana e seu final pessimista, sem concessões.

A montagem - com sua energia bruta acentuada por transições de cena irregulares e truncadas - transmite tanto uma desorientação fora de eixo quanto um movimento irrefreável. A celebrada cena de perseguição na qual o carro de Doyle dispara por uma avenida movimentada atrás de um metrô de superfície não parece forçada, pois apenas amplia o efeito cinético, corrido, de visão-de-túnel que persiste ao longo de todo o filme.

A ideia do filme de uma "drogópolis" em guerra vai além das locações decadentes e engloba uma relação ressonante entre diferentes panoramas urbanos. A Nova York suja e desordenada é inicialmente contrastada, com ironia, com a espaçosa e graciosa (mas secretamente cruel) Marselha e, depois, dividida em dois bairros: Manhattan, reduto dos ricos e poderosos, e Brooklin, poleiro de drogados, delinquentes e policiais de rua. Uma virada adicional é dada por uma breve cena em Washington, D.C. - mostrada como uma cidade branca, sem vida, afastada dos verdadeiros campos de guerra urbanos.

Há algum outro ganhador do Oscar de Melhor Filme com um final tão negativo? Após perseguir Charnier até um edifício completamente dilapidado, Doyle não só perde seu alvo como é engolido pela obsessão deste último. Transtornado demais para aceitar que acaba de detonar um agente do FBI, Doyle desaparece em uma perseguição fútil. A cena final pode ser lida como uma visão apocalíptica do futuro da cidade, o prédio arruinado sendo uma relíquia de uma civilização perdida, a porta através da qual Doyle desaparece como no portal do inferno. A crueza impactante dessa conclusão é o que, por fim, eleva "Operação França" acima do nível médio dos ganhadores do Oscar para a categoria dos filmes realmente capazes de prender nossa atenção.

Vencedor de 5 Oscar: Melhor Filme, Direção (William Friedkin), Ator (Gene Hackman), Edição e Roteiro Adaptado. Indicado em mais 3 categorias: Ator Coadjuvante (Roy Scheider), Fotografia e Som.

(The French Connection - 1971)

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