quarta-feira, 2 de maio de 2012

A Noiva de Frankestein (1935)


Os estúdios da Universal tiveram de esperar quase quatro anos até James Whale finalmente aceitar a oferta de dirigir a sequência de "Frankenstein", seu sucesso de bilheteria de 1931. No entanto, a espera valeu muito a pena: sob o controle quase irrestrito do diretor (o produtor, Carl Laemmle Jr. estava de férias na Europa durante a maior parte da produção), "A Noiva de Frankenstein" é uma surpreendente mistura de terror e comédia que acabou sendo, em muitos aspectos, superior ao original.

Apesar da relutância de Boris Karloff, foi decidido que o Monstro deveria ser capaz de pronunciar algumas poucas palavras. Sua humanização aqui o deixa mais completo e fiel ao romance de Mary Shelley, e dificilmente sua busca desesperada por uma companheira poderia ser mais tocante. De um modo geral, embora isso tenha sido minimizado a pedido dos censores, "A Noiva de Frankenstein" representa o Monstro como uma figura aos moldes de Cristo, levada a matar pelas circunstâncias e pelo medo que inspira na sociedade. Mesmo a monstruosa companheira feita especialmente para ele, sente à primeira vista, repulsa pela sua aparência física. Sem dúvida, a noiva interpretada por Elsa Lanchester continua sendo até hoje uma das mais impressionantes criaturas já vistas nas telas: sua aparição - numa espécie de versão grotesca de uma cerimônia de casamento - é ainda um dos pontos altos do gênero terror, com o corpo mumificado; a voz sibilante, como um canto de cisne; e o estranho penteado egípcio preto com mechas brancas.

A trama de "A Noiva de Frankenstein" se sustenta em contrastes que fazem o espectador passar do terror para o phatos ou comédia. O senso de humor peculiar de Whale, que foi muitas vezes definido como burlesco, é veiculado principalmente por Minnie (Una O'Connor), a empregada doméstica, e também pela atuação descaradamente afeminada de Ernest Thesiger, que interpreta a figura demoníaca do Dr. Pretorius.

O imenso interesse despertado por "A Noiva de Frankenstein" deriva também da sua representação das relações sexuais, considerada por muitos, no mínimo, potencialmente transgressora. A introdução de um segundo cientista louco (Pretorius), que força o Henry Frankenstein de Colin Clive a gerar vida novamente, enfatiza uma das implicações fundamentais e perturbadoras do mito de Shelley: a (pro)criação é algo alcançado apenas pelo homem. Quatro anos depois, a própria obra-prima de Whale deu à luz um "filho"; no entanto, o pai da noiva não teve nada a ver com isso.

Indicado ao Oscar de Melhor Som

(Bride of Frankenstein - 1935)

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